Ler primeiramente:
MÍSTICA FILOSÓFICA
Na
segunda parte desse artigo tratamos da necessidade de uma filosofia que seja
mística. Além disso, porém, precisamos também de uma mística que seja
filosófica.
Os
autores místicos, na maioria das vezes, não empregaram linguagem filosófica,
embora muito de filosofia pode ser encontrado em suas obras. E a que tende a
Filosofia? A uma certa perscrutação, a um certo metodismo e a uma certa
sistematicidade
Ao
aproximar-se da Filosofia, porém, a Mística não pode perder a sua essência, que
é o mistério relacional entre a alma e Deus, e não pode tornar-se árida, mas
deve manter a sua característica, que é ser pneumaticamente
livre1.
Sendo
assim, é necessário que o filósofo aproxime-se da Mística, mas também é preciso
que o místico aproxime-se da Filosofia. O conhecimento filosófico é necessário
para interpretar a realidade, e é preciso uma Filosofia e uma Mística que
estejam em contato com os grandes espíritos que perscrutaram importantes
essencialidades da vida humana.
Esse
diálogo é assimilativo, mas também é apologético. O polemismo não é
característica forte da mística – ela tende à docilidade de alma –, contudo ela
precisa se caracterizar e se definir filosoficamente, e para isso é necessária
uma dose consciente de apologética, que é característica de toda filosofia
cristã, a qual está cercada por pensamentos que são hostis à vida do espírito.
Sendo
assim, nesse diálogo existem influências, mas também existem confrontos. Esses confrontos, necessários, precisam estar relacionados à docilidade
característica da Mística, e devem servir de defesa, sem ser muito contenciosos.
Verdade
é que a História da Filosofia está repleta de eminentes pensadores cristãos, da
Antiguidade à Pós-Modernidade – passando dos filósofos da Patrística à
Escolástica, e desta à Modernidade, chegando aos pensadores apologéticos na era
pós-moderna. A Mística deve passear por este caminho. Contudo, a Filosofia
Mística precisa também criar raízes próprias, desenhando uma linguagem toda particular,
e suas fontes principais são a vida e os escritos dos místicos. Ali ela deve
buscar sua sua ética, sua metafísica e sua ontologia.
A
Filosofia Mística será, portando, uma nova filosofia, a única que responderá às
demandas do presente século e da era futura, e aos desafios que existem
atualmente e que estão por vir.
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1
Referimo-nos, aqui, à liberdade de espírito e
do Espírito