segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A vida mística no Espírito Santo – Parte II

Ler primeiramente:


Viver a vida mística é viver o amor radical de Jesus. Isso diferencia radicalmente a espiritualidade cristã da espiritualidade da Nova Era. A espiritualidade da Nova Era tenta um caminho de evolução a partir de si mesmo, fazendo-se de si mesmo um deus e atribuindo também a divindade à natureza e ao Cosmos, de forma panteísta. A espiritualidade cristã, ao contrário, aponta para um Deus pessoal, um Deus que se relaciona e um Deus que ama. Quando ocorre o Encontro, esse Deus passa a fazer habitação em nós. Há uma ruptura radical com o passado, e a vida é radicalmente transformada. Em nosso interior passa a haver um novo ser. A alma é transformada, e o espírito passa a abrigar, em seu interior, o Espírito do próprio Deus.

Essa é a vida mística. A vida mística, acima de tudo, é mistério. Porque Deus, como nos dizem os místicos, como Pseudo-Dionísio Areopagita e João da Cruz, é o Incognoscível. Deus é mistério, e o momento do encontro com Deus é o momento em que passa-se a inserir-se no mistério. A vida mística no Espírito Santo não é uma vida de poderes, emoções sensoriais, manifestações extáticas e barulho, mas uma vida permeada por uma relação radical misteriosa de santidade e amor com o Divino. Esse ser divino, dentro do Cristianismo, é entendido como um ser pessoal e que se manifestou claramente aos homens na pessoa de Jesus de Nazaré. A vida mística inicia-se, portanto, a partir de um encontro com Jesus que nos levará até o mistério, até o relacionamento desconhecido de amor e santidade que será sempre ascendente, que será radical, que envolverá todo o ser e apaixonará a alma.

Como diz Teresa de Calcutá, “no silêncio, Deus fala”. Enquanto a Nova Era prega a meditação transcendental como um caminho de autodescobrimento, a espiritualidade cristã mais profunda ensina a oração contemplativa, que é um relacionamento de amor entre o homem e Jesus, no qual a alma se descobre. Um Jesus subestimado pela contemporaneidade porque é um Jesus desconhecido, a doce preciosidade de Nazaré, que permanece por muitos esquecido, mas que espera para ser descoberto e levar a alma a um caminho ascendente e sem retorno no qual se crescerá ao infinito pelos caminhos do amor, porque o caminho de Jesus de Nazaré não é outro caminho senão o caminho do amor, um amor radical esquecido, mas que espera para ser encontrado.